A recente declaração da secretária de Saúde de Arcos, Aline Arantes, ao afirmar que “a administração precisa resolver os problemas da saúde e da atenção básica”, soa mais como um reconhecimento tardio do caos instalado do que uma proposta concreta de mudança. A fala, embora honesta, evidencia uma realidade que os cidadãos enfrentam diariamente: a saúde pública do município está em estado precário.
Não é novidade para ninguém que o atendimento prestado à população comum é bem diferente daquele oferecido a figuras públicas. O caso mais recente envolvendo o vereador Carlos comprova isso. Enquanto cidadãos esperam dias — ou semanas — por um simples atendimento ou vaga para exames, a agilidade e a atenção direcionada a um vereador expõem o desequilíbrio gritante no sistema.
É inadmissível que, em pleno 2025, pacientes de Arcos ainda precisem depender de favores ou de transportes improvisados para se deslocar até outras cidades em busca de atendimento médico especializado. Faltam veículos, faltam vagas, faltam respostas. E, principalmente, falta gestão.
A ironia mais cruel talvez esteja no fato de que o prefeito de Arcos é médico. Como profissional da saúde, seria esperado dele um compromisso ainda maior com a área — compromisso esse que, aliás, foi amplamente explorado em sua campanha eleitoral. O discurso da saúde como prioridade, porém, ficou no palanque. O que vemos hoje é uma administração que falha em garantir o básico: atendimento digno e eficiente.
A ausência de exames essenciais, como mamografias, é uma das faces mais graves desse descaso. A cidade, que poderia tranquilamente oferecer diversas especialidades médicas se houvesse vontade política, empurra seus cidadãos para filas intermináveis — ou para os corredores da Santa Casa, onde nem todos têm condições de pagar.
Fica o apelo: a saúde de Arcos precisa deixar de ser promessa e se tornar realidade. O povo não aguenta mais esperar. A atenção básica não pode ser luxo, e sim direito. E quem tem a caneta na mão — especialmente quem já empunhou o estetoscópio — precisa honrar o juramento feito, seja como médico, seja como prefeito.