Enquanto o povo de Arcos luta diariamente para pagar as contas, enfrenta filas nos postos de saúde e convive com a precariedade dos serviços públicos, a Câmara Municipal parece viver em uma realidade paralela – onde o dinheiro público serve para premiar aliados e ampliar privilégios.
No dia 07 de julho de 2025, os vereadores aprovaram um aumento salarial escandaloso para um servidor da própria Casa. O salário, que era de R$ 3.502,00, saltou para R$ 5.100,00. A esse valor soma-se ainda um ticket alimentação de R$ 700,00, totalizando um custo de R$ 5.800,00 por mês aos cofres públicos. Tudo isso para apenas um servidor.
E o projeto tem nome e sobrenome: Kátia Mateus (PL), presidente da Câmara, foi quem assinou e apresentou a proposta.
Quem disse “sim” ao absurdo
Os vereadores que aprovaram essa manobra com o dinheiro da população foram:
- Carlos (PL)
- Didier (SD)
- Leslie Mariana (AGIR36)
- Orlando (AVANTE)
- Queijinho (AVANTE)
Esses parlamentares demonstraram clara insensibilidade social e irresponsabilidade administrativa, aprovando um aumento completamente injustificável, especialmente em um momento de crise e escassez de recursos.
Os que votaram com responsabilidade
Apenas três vereadores disseram “não” ao projeto e se posicionaram com coerência:
- Genorinho (PODE)
- Jaiane (REPUBLICANOS)
- Joãozinho (PSD)
Foram vozes solitárias em meio ao que aparenta ser uma estrutura montada para beneficiar aliados e inflar a máquina pública com recursos que deveriam ser destinados à educação, saúde e infraestrutura.
A farra das diárias: gastos crescentes e aumentos generosos
Não bastasse o aumento salarial, a Câmara também aprovou o Projeto de Resolução nº 04/2025, elevando os valores das diárias. Antes, o valor para viagens dentro de Minas Gerais era de R$ 373,11, e passou a R$ 500,00 — um aumento de 34%. Para viagens fora do estado, a diária saltou de R$ 559,62 para R$ 700,00 — reajuste de 25%.
Detalhe: as diárias são pagas mesmo que o compromisso dure poucas horas. A justificativa apresentada pela Mesa Diretora foi a “correção da defasagem monetária” em relação a outros órgãos públicos — como se o problema da Câmara de Arcos fosse ganhar pouco.
Mas os números não mentem:
- Em 2024, o custo total com diárias foi de R$ 43.529,64 (R$ 12.969,43 para vereadores e R$ 30.560,21 para servidores).
- Em 2025, até o início de julho, já foram gastos R$ 27.863,45 (R$ 8.988,17 para vereadores e R$ 18.875,28 para servidores).
- Se esse ritmo continuar, o gasto ao final de 2025 pode ultrapassar R$ 55 mil.
Esses dados foram obtidos junto à Assessoria de Comunicação da própria Câmara, que ainda tentou justificar as despesas com alegações de que as viagens garantem “capacitação e modernização” e trazem benefícios como parcerias e emendas parlamentares — como a de R$ 150 mil enviada para a compra de um veículo para a Secretaria de Saúde, mediada por uma das vereadoras.
Cursos “de fachada” e diária cheia até para equipe de limpeza
O problema vai além. Todos os anos, a Câmara participa de até seis cursos com duração de três horas por dia. Mesmo com carga horária reduzida, os servidores recebem a diária cheia. Um único servidor pode receber até R$ 2.000,00 por curso, acumulando R$ 12.000,00 ao ano em pagamentos extras.
E o mais alarmante: todos os servidores participam — inclusive a presidente, assessores, administrativos e até a equipe de limpeza e motorista. Os cursos são descritos como repetitivos, com os mesmos conteúdos e apenas nomes diferentes, o que levanta fortes indícios de maquiagem legal para desviar recursos, sem necessidade de comprovação real de aprendizado ou impacto para a cidade.
O povo paga a conta enquanto os vereadores aproveitam
A cidade de Arcos não pode mais aceitar vereadores que tratam o Legislativo como balcão de favores e benefícios pessoais. A cada aumento de salário injustificado, a cada diária paga sem critério, a cada curso suspeito com diária cheia, é a dignidade do cidadão que é desrespeitada.
Postos de saúde continuam com filas, escolas enfrentam cortes, e obras básicas seguem paradas. Enquanto isso, na Câmara, o clima é de festa com o dinheiro do contribuinte.
Esse comportamento precisa ter consequências. A população precisa lembrar desses nomes e dessas atitudes na hora do voto. A política pequena e oportunista só sobrevive quando o povo esquece.
As informações já foram encaminhadas ao Ministério Público para apuração, e a sociedade civil está atenta.
Porque, no fim das contas, não é apenas sobre diárias e salários. É sobre respeito ao povo arcoense.