A saúde pública em Arcos, que já vinha enfrentando dificuldades há anos, parece ter atingido um novo patamar de descaso e ineficiência. Passados quase cinco meses da nova administração municipal, a população reclama do agravamento da situação nos principais serviços da cidade. De norte a sul, do centro aos bairros, a sensação geral é de abandono — e de que o direito básico à saúde tem sido constantemente negado ao cidadão.
Os Postos de Saúde da Família (PSFs), que deveriam ser a porta de entrada para atendimentos básicos, estão praticamente inoperantes. Faltam médicos, exames, estrutura e até mesmo organização. Moradores relatam esperas intermináveis e, em muitos casos, o retorno para casa sem qualquer atendimento.
O Hospital São José, que já foi uma das principais referências da cidade, hoje enfrenta críticas severas pela má qualidade do serviço prestado. Segundo denúncias de pacientes e familiares, o atendimento é demorado e desumanizado. A sensação de insegurança ao buscar socorro médico é constante entre os usuários do sistema.
Já a Santa Casa, embora seja uma instituição tradicional, tem se tornado inacessível para a população mais carente. Muitos moradores afirmam que o atendimento por lá parece ser direcionado apenas àqueles que têm recursos ou convênios — um privilégio de poucos em uma cidade onde a maioria depende exclusivamente do SUS.
A situação se agrava quando se analisa o papel da Vigilância Sanitária, órgão essencial para garantir a segurança alimentar e sanitária da população. Em Arcos, sua atuação é, no mínimo, ineficiente. A fiscalização é falha, e há denúncias de estabelecimentos que produzem alimentos em condições duvidosas sem sofrer qualquer tipo de penalidade. Um exemplo chocante é a fabricação de chouriço com sangue de cavalo, que, segundo moradores, ocorre sem qualquer fiscalização ou intervenção da vigilância — uma prática que representa um risco sério à saúde pública.
É importante destacar que todos esses órgãos — PSFs, hospitais e a Vigilância Sanitária — são mantidos com dinheiro público. Ou seja, o cidadão paga pelos serviços que, na prática, não recebe. Falta gestão, compromisso e principalmente respeito com a população.
A saúde em Arcos precisa de uma reformulação urgente. A má gestão, o descompromisso com o bem-estar da comunidade e a negligência institucional não podem mais ser ignorados. A cidade precisa voltar a oferecer um atendimento digno, humano e eficaz, como manda a Constituição e exige o bom senso.
Enquanto isso não acontece, resta à população continuar cobrando, denunciando e resistindo — porque o que está em jogo não é apenas o funcionamento de um sistema, mas a vida de milhares de pessoas.