O que era para ser uma ação séria de fiscalização virou encenação. Na noite de ontem, a tão prometida “vistoria” da Vigilância Sanitária na feirinha de Arcos não passou de um teatro. Com direito a presença de fiscais e agentes, mas sem o mínimo de rigor técnico. Nenhum produto teve a data de fabricação ou validade verificada. Nenhuma visita foi feita aos locais de preparo. Nada foi fiscalizado de verdade.
A cena foi mais simbólica do que efetiva — e, infelizmente, expôs o jogo de faz de conta que está sendo feito com a saúde da população. Enquanto a Vigilância Sanitária fazia de conta que fiscalizava, vereadores da cidade faziam de conta que não viam.
Sim, os representantes do povo, eleitos para zelar pelo interesse coletivo, agiram com covardia. Não moveram uma palha diante das denúncias documentadas por vídeos, fotos e testemunhos enviados ao Legislativo. Um deles chegou a desdenhar das provas, alegando que “só seriam válidas se fossem registradas em cartório”. Uma fala absurda, completamente desconectada da realidade jurídica e um insulto à inteligência do cidadão comum. Desde quando o flagrante da irregularidade precisa de autenticação para ser levado a sério?
Pior ainda foi ver alguns feirantes — que deveriam zelar pela própria credibilidade e qualidade do que vendem — comemorando a farsa da fiscalização como se fosse uma vitória do bem contra o mal. Neste caso, o “mal” seria a imprensa, que apenas cumpria seu papel: investigar, denunciar e cobrar respostas.
Ao comemorar a encenação da fiscalização como se fosse um triunfo da justiça, parte dos feirantes demonstrou não apenas falta de informação, mas também um desprezo preocupante pela responsabilidade sanitária e pelo direito do consumidor. A frase “o bem venceu o mal” é uma inversão perigosa de valores. Quem perde com isso é o povo de Arcos, que continua exposto a riscos enquanto a verdade é distorcida.
O Conexão Arcos seguirá cumprindo seu dever com a população: informar com responsabilidade, denunciar com coragem e cobrar com firmeza. Fingir que está tudo certo não é jornalismo. E aceitar esse teatro como normalidade é um desserviço à cidade.