Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, compareceu ao Supremo Tribunal Federal para prestar depoimento ao ministro Alexandre de Moraes.
O encontro, que movimentou a imprensa e dividiu opiniões, não foi apenas um capítulo jurídico, foi um momento de exposição humana de um dos nomes mais controversos da política brasileira recente.
Por trás do terno, da escolta e dos protocolos, estava um homem tentando lidar com o peso de um país que ainda discute o que significou sua passagem pelo poder.
Durante as horas em que esteve diante das autoridades, Bolsonaro falou com calma, evitou confrontos diretos e buscou transmitir segurança.
Disse que não arquitetou nenhum golpe, que os acampamentos nas portas dos quartéis não foram organizados por ele, e que os atos do 8 de janeiro foram “coisa de maluco”. Na sua narrativa, coube o reconhecimento de reuniões com militares e conselheiros, mas sempre com o argumento de que tudo foi discutido dentro da legalidade.
A fronteira entre precaução institucional e ameaça à democracia, no entanto, segue sendo questionada.
O que não se viu no depoimento, e talvez seja o que mais importa, é o impacto social desse momento. Nas redes sociais, o episódio gerou ecos distintos: entre apoiadores, ele é perseguido; entre críticos, ele encena.
Mas para uma parte silenciosa da sociedade, ver um ex-presidente explicar suas ações diante do STF é também um sinal de amadurecimento institucional, onde nem mesmo os maiores cargos escapam do crivo da lei.
É um reflexo de uma democracia que está aprendendo a se defender sem deixar de ouvir.
Ao final do dia, o que fica não são só as manchetes ou os trechos do depoimento que viralizaram. Fica a imagem de um país que segue tentando entender os limites entre liderança e autoritarismo, entre liberdade de expressão e responsabilidade pública.
Bolsonaro falou, Moraes ouviu, o processo continua, e o Brasil, como coletivo, precisa seguir debatendo, mas também aprendendo a conviver com as próprias cicatrizes.