Um caso recente ocorrido em Arcos reacendeu uma importante discussão: quem é o responsável quando um cão de rua, visivelmente abandonado, causa um acidente que leva uma pessoa ao hospital?
A situação envolveu uma moradora que, caiu e acabou fraturando o braço por causa de um cachorro. A vítima precisou passar por cirurgia, ficou afastada do trabalho por dias e ainda teve gastos com medicação, consultas e transporte. O animal, visivelmente sem cuidados, não apresentava sinais de ter tutor responsável — um cenário infelizmente comum nas ruas da cidade.
Casos como esse levantam questionamentos jurídicos e sociais sobre a responsabilidade do poder público. Segundo especialistas, a Prefeitura tem o dever legal de zelar pelo bem-estar da população e também pelo controle e manejo ético de animais abandonados. A omissão em relação à população de cães nas ruas pode, sim, configurar responsabilidade civil do município, especialmente quando essa negligência resulta em prejuízos à saúde e à segurança dos cidadãos.
De acordo com o artigo 225 da Constituição Federal, é dever do poder público proteger os animais e garantir um meio ambiente equilibrado. Isso inclui a implementação de políticas públicas de controle populacional, castração, abrigo, adoção e campanhas de conscientização.
Além disso, o Código Civil Brasileiro prevê que quem causa dano a outra pessoa — por ação ou omissão — deve repará-lo. Assim, quando um cidadão é prejudicado por um animal abandonado que deveria estar sob a guarda ou controle do município, existe sim a possibilidade de responsabilização da Prefeitura.
Para a população, o sentimento é de abandono duplo: tanto dos animais, deixados sem abrigo, quanto das vítimas de acidentes, que arcam sozinhas com os custos físicos, emocionais e financeiros.
“É injusto ver o sofrimento de quem foi lesionado em um acidente evitável. A Prefeitura tem que se posicionar. Se não consegue dar lar aos animais, que ao menos cuide das pessoas que estão sofrendo por essa falha”, afirma um morador da cidade.
A situação exige reflexão e ação do poder público. Sem políticas eficazes de acolhimento e controle de animais abandonados, os riscos à saúde, à segurança e à dignidade humana continuarão a crescer — afetando vidas e ampliando a sensação de descaso.