Na última semana, a população de Arcos assistiu a mais um espetáculo de autopromoção da atual gestão municipal. O prefeito Dr. Wellington participou da inauguração de uma única câmera de segurança instalada na Calciolândia, como se fosse uma grande conquista da administração quando, na verdade, trata-se de uma doação feita exclusivamente pela empresa Lagos, sem qualquer participação direta da Prefeitura.
A tentativa de transformar a instalação de um único equipamento em ato solene evidencia o desespero por popularidade e a total desconexão com as reais necessidades da comunidade. O gesto simbólico escancara uma gestão ineficaz, que busca na propaganda o que não consegue entregar em ações concretas.
Enquanto isso, escolas históricas da Calciolândia seguem abandonadas, algumas em completo estado de deterioração. Locais que por décadas formaram e capacitaram centenas de pessoas para o mercado de trabalho e para a vida, hoje são retrato do descaso. Estruturas que antes eram símbolo de desenvolvimento agora apodrecem diante da negligência da gestão.
Como se não bastasse a tentativa de se apropriar de ações alheias, o governo municipal também se mantém em silêncio diante de escândalos que envolvem sua base política. Um deles veio à tona recentemente, com o polêmico aumento salarial do servidor da Câmara Municipal que atende o telefone da Casa um caso que gerou revolta na população e expôs o abismo entre o discurso e a prática da atual administração.
A presidente da Câmara, ao ser questionada sobre o escândalo, afirmou publicamente:
“O servidor foi valorizado porque exerce função de confiança e está disponível o tempo todo para atender a presidência. O salário está dentro da legalidade.”
A fala, no entanto, apenas ampliou a indignação popular. Em tempos de cortes, salários congelados e falta de estrutura nas escolas e unidades de saúde, o aumento de um cargo com função meramente administrativa soa como um deboche à realidade dos arcoenses.
É inadmissível que, em vez de investir em educação, capacitação e segurança de forma ampla e estruturada, o governo municipal se utilize de pequenas ações que sequer são de sua autoria — para tentar inflar sua imagem pública. A inauguração da câmera, por mais importante que a iniciativa da empresa Lagos tenha sido, não passa de um paliativo em meio ao abandono generalizado da região.
A população de Arcos está atenta. A gestão precisa compreender que não é com cortinas de fumaça ou holofotes em atos isolados que se constrói um governo sério. A verdadeira segurança vem com planejamento, com investimento em educação, com respeito à história e ao potencial de cada bairro e não com tentativas baratas de capitalização política sobre ações que não lhe pertencem.